domingo, 18 de dezembro de 2011

14/11/11 - Segunda-feira


 Hoje novamente vou ter que voltar para fazer o exame de cintilografia óssea ( este exame é para ver se não tenho câncer nos ossos), fui eu que pedi para a médica, preciso saber se tenho em mais algum lugar, se a doença já tomou conta do meu corpo, quanto mais eu souber mais vou poder agir e reagir, tomar providencias se necessário.
Anjo ligou, combinamos que vou as 12:00 tomar o contraste (tenho que aguardar 3 horas retornar para poder fazer o exame) e depois ele vai me levar para fazer. Nem preciso dizer que estou adorando o mimo.
Sai de casa por volta das 10:50 tinha que pegar o resultado da tomografia.
Sentei no restaurante Abada e abri imediatamente, a primeira leitura é rápida, pois ansiedade é tanta que nem consigo ler, após a a primeira, vem a segunda e a terceira, para então entender o que esta escrito. Nos demais órgãos (bexiga, pulmão, rins, baço, fígado, pâncreas, e sei La mais o que) não têm nenhum sinal no presente momento, isto não quer dizer que não possa aparecer futuramente, mas hoje, hoje tudo normal, que alivio. Liguei para Anjo contanto, ele compartilhou da minha felicidade. Pela primeira vez deste muito tempo consegui apreciar a comida, senti prazer em comer. Comi uma comidinha árabe deliciosa. Que delicia!
Sai e fui tomar o contraste, avisei o Anjo que teria que retornar as 14:30 para fazer o exame, ficou de me pegar as 14:15. Voltei para casa e deitei um pouco. Quando foi 14:00 levantei e me arrumei, não demorou para Anjo chegar. Minha mãe falou para convidar o mesmo para tomar um café quando retornássemos. Ok!
Ele estava perfumado (hum gostoso), me deu uma selinho (estávamos em frente de casa), mas eu queria mais, desejava um beijo ardente. Sorri e disse: - você pode parar porque eu quero um beijo. Ele fez um movimento brusco, imediatamente parou o carro e me beijou com vontade. Rimos. Falamos muita bobagem, comecei a rir, a tossir e a perder a voz, ele me sacaneia, fala bobagem para eu rir, acho que gosta de me ver rindo, risos.
Logo que entramos, atendente solicitou que aguardasse em outra sala, fomos para sala e não tinha ninguém, ele me agarrou e me beijou, beijou, beijou. É doido de pedra.
O exame foi tranqüilo, saímos passamos na padaria e fomos para casa tomar café, no caminho de casa falou que tem duvidas, que tem duvida sobre a sua separação, sobre o que estamos vivendo,  quer ficar sozinho, que seria legal a gente namorar... Disse para o mesmo que eu também tenho milhões de duvidas, mas que estou vivendo um dia por vez e que por hoje o dia tinha sido lindo, amanha??? Amanha não sei??? Não sei como vou estar depois da cirurgia, quem vai surgir e o que vai acontecer comigo... Então por hoje: obrigada! Por hoje estou feliz!
Chegamos em casa e a minha mãe já tinha colocado a mesa, fez o café, comemos rabanada...rimos e sorrimos, trocamos olhares... Peguei o resultado da tomografia para ele ver isto faz parte da minha vida e no momento ele esta fazendo parte desta vida e quero que ele participe... Após o café fomos comprar um xarope para a xarope que voz fala, risos, a tosse é de fundo nervoso e alérgico, ele quis que eu tomasse o tal xarope e obedeci ! PQP!!! Quem te viu quem te vê risos. Anjo se despediu, nos falamos.
Minha amiga Ângela chega hoje, vamos à missa de 7 dia do pai de outra amiga nossa em comum. Nossa ela fez falta, demorou tanto para voltar que pensei que não voltaria mais.
Liguei para Ângela e a mesma ficou de passar em casa por volta das 19h15min. Estava pronta quando ela buzinou (sempre foi assim). Entrei no carro e dei um longo abraço na minha amiga, ela quis saber de tudo, falei que contaria após a missa, pois não daria tempo de contar tudo mesmo, na realidade estava tentando me estabelecer, fortalecer para não derramar em lagrimas.
Assistimos a missa, o padre Rinaldo deu uma bênção especial para todos que necessitavam, quando o mesmo passou e foi para a sacristia fui atrás dele. Tinha uma fila para falar com ele, mas aguardei, estava determinada a receber uma bênção só para mim (egoísta). Quando chegou a minha vez, com lagrimas a rolar expliquei que estaria fazendo uma cirurgia ele quis saber se era grande e grave, contei para ele e em vez de me dar uma bênção ele me UNGIU, foi maravilhoso.
Saímos da missa e fomos para o restaurante Albada, nosso lugar preferido, sentei eu desandei a falar, contei tudo, como neste diário, detalhes de tudo, dos exames, etc
Ficamos emocionadas, mas não chorei, estou cada dia mais forte, falando da doença sem drama, não quero que as pessoa tenham pena, quero carinho, solidariedade, energia positiva...
Minha amiga disse: - e eu??? O que vou fazer??? Vai me ajudar amiga, passou a primeira fase onde o Anjo foi muito importante, agora vai vir a segunda, terceira, quarta... Vou precisar muito de você.
Tenho angustia medos, duvidas...
Vou ter que renascer (como disse minha amiga, como vou renascer, quem vai vir...), terei forcas para renascer, como vai ser? Como vou renascer? Serei uma pessoa melhor, mais forte ou não? Serei mais amável, mais complacente, mais dócil, mais o que? Ou não serei nada?
Vou conseguir me erguer? Amar novamente? Ser amada e desejada???
Uma vez recebi uma carta do Edilson e disse: - “mulher pequena, frágil e carente de afeto! (ele já conseguia me enxergar) Deixai-me que desculpe pelas brutalidades que vos dirijo, eu mesmo também carente pelo vosso afeto, me flagro a pensar como judio de ti, tanto e porque não sei responder. Das noites a pensar no que vos fiz, como agora afago meu ego, tantas vezes autoritário e reconheço, descendo ao mais baixo degrau, diga-se até a soleira da porta mais distante da casa, que não nos agredi por meu desejo, mas por descarregar em ti minhas ironias, magoa e desencantos. Vos que me suportai, talvez por amor, mas o que é amar senão toda a beleza da força que se vê no outro; da qual deixo tão pouco transparecer e coloco aqui como no mais puro dos cristais a transparência do meu ser a ti descrevo nestas linhas a fadiga de meu espírito guerreiro. Eu que tanto penso na fome do pão, na fome de amor, na fome de esperança. Oh! Pequena; vos que trilha todos os caminhos da fome, zangai-vos comigo,zangai, batei, chutai, mas não odiai. Zangai sim, mas sem ódio. Pois o ódio corroi e denigre tudo e todos. Vós que sois a mulher lutadora, a mulher que tanto faz para tirar o bem da vida, vos que independente do mundo e dos costumes, alegra o teu lado santo, pois a calmaria  de agora, faz lembrar que a tempestade se foi. Oh! Paixão! Tu que ES tão pequena e tão grande em um só corpo, lembra-ti de tudo que  abristes mao da vida por um algo maior. Eu, nesta noite a pensar em ti, fico a procurar nas lembranças do passado. Regozijo-me a pensar que de todas você é a mais valente, forte e delicada criatura reunidas em uma só. Tal como a Trindade vós reunis a foca de um espírito guerreiro, num corpo frágil e sutil, mas deixaste transparecer o sentimento da coragem...coragem que vos  completa até vos torna o dia-a-dia mais difícil, difícil, porem  não mais difícil que o sol que luta para nascer ... “ “... me prepara o golpe fatal, sem notar que vida esta clamando o desejo de renascer das cinzas, “tal qual a Fênix, que tira do fogo avassalador somente o prazeroso, o puro e o bom e volta sempre mais forte, a esta festa divida que é a vida.”
Hoje termino assim, com pedaços de trechos de cartas que recebi e que hoje fazem tanto sentido... Trecho mais importante “...sem notar que vida esta clamando o desejo de renascer das cinzas, “tal qual a Fênix, que tira do fogo avassalador somente o prazeroso, o puro e o bom e volta sempre mais forte, a esta festa divida que é a vida.”
E vou tentar fazer desta forma, renascer das cinzas, tirar do fogo avassalador somente o que for bom, renascer mais forte... se for possível.

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